sábado, 16 de novembro de 2013

O Último Império - A Nova Ordem Mundial e a Contrafação do Reino de Deus (parte 2)

Esses três capítulos [Apocalipse 12-14] são considerados como o próprio núcleo do livro profético e tratam da crise final da história do pecado, com a descrição profético-pictórica do conflito de uma falsa trindade (o dragão, a besta e a besta de dois chifres) contra a trindade divina formada pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo. Uma vez que as três mensagens angélicas [contidas nesses capítulos do Apocalipse] são o ponto de partida para o clímax do grande conflito, um estudo sobre o conteúdo das mesmas ajuda a visualizar o contexto amplo e as motivações específicas da crise em que o império norte-americano exerce seu papel profético. Apocalipse 14:6-12 relata a visão de três anjos que voam pelo céu, proclamando objetivas e escatológicas mensagens. O primeiro prega o “evangelho eterno”, com o anúncio da chegada da hora (tempo) do juízo de Deus e um apelo para o mundo temer e adorar ao Deus criador (v.6,7), referindo-se ao quarto mandamento que requer a observância do sétimo dia em memória da criação [compare Apocalipse 14:7 com Êxodo 20:8-11 e Gênesis 2:1-3]. O segundo anuncia a queda de Babilônia, fato decorrente da proclamação da primeira mensagem. O terceiro, por sua vez, adverte o mundo acerca do perigo de adorar a imagem da besta e de receber sua marca, o que é resultado da ação e da influência da besta de dois chifres. No clímax do grande conflito, portanto, Deus suscita um movimento profético, representado pelos três anjos, para proclamar a salvação pela graça mediante a fé para a santificação (o “evangelho eterno”) como a única esperança para o mundo que se encontra diante do juízo de Deus. A crise final se precipita com as ações da besta dos dois chifres e evidencia a reação do dragão à restauração da verdade e da lei de Deus decorrente da proclamação final e universal das três mensagens angélicas. O paralelo entre Apocalipse 14:7 e o quarto mandamento afeta diretamente a interpretação do conjunto completo das visões de Apocalipse 12 a 14, no qual a besta de dois chifres é um dos protagonistas. Esse paralelo antecipa o âmago da crise que estará focada em obediência e adoração no contexto do dia do Senhor. No entanto além do paralelo verbal, há também alteração. Em lugar da última entidade criada referida no mandamento, indicada pela expressão “tudo que neles há” (Êx 20:11), a primeira mensagem angélica fala dAquele que fez “as fontes das águas” (Ap 14:7). Por que é utilizada esta expressão e vez da que é usada em Êxodo 20? O pesquisador Henry M. Morris (1983, 266) diz que na primeira mensagem o anjo acrescenta “as fontes das águas” ao costumeiro catálogo das entidades criadas mais provavelmente “por causa da associação dessas fontes com o primeiro juízo por meio do dilúvio, quando ‘todas as fontes do grande abismo se romperam’” (Gn 7:11). Nesse caso, a expressão “fontes das águas” (Ap 14:7) serve para trazer à mente do leitor a memória do juízo divino por meio do dilúvio e, desse modo, enfatizar a verdade de que Deus é um Deus de juízo. Assim, o sentido de juízo e destruição iminente é reforçado pela alteração verificada na mensagem angélica, que substitui a entidade “tudo que neles há”, do quarto mandamento, pelas “fontes das águas”, uma referência ao dilúvio. Esse fato reitera a solenidade do anúncio. Dessa fora, tanto a referência ao mandamento do sábado (Êx 20:11) quanto a alusão ao dilúvio (Gn 7:11), na primeira mensagem angélica, serve para reforçar a ideia de juízo como o conteúdo dessa mensagem. O juízo se processa segundo a lei dada no Sinai, com ênfase no quarto mandamento, e é executado pelo mesmo Deus que uma vez submergiu o mundo nas águas do dilúvio. Essa curiosa construção do apelo divino serve ainda para indicar que as mensagens angélicas são dadas num momento em que os habitantes da Terra ignoram o relato bíblico da criação em seis dias literais e o dilúvio universal e histórico, e se antagonizam com ele, aderindo à crença a teoria da evolução. Nesse sentido, a mensagem é uma advertência para as pessoas deste contexto histórico em que grande descrença tem se levantado em relação à historicidade de Genesis 1 a 11, com uma crescente contestação da criação e do dilúvio como obras divinas. Nesse contexto de descrença em relação à criação e ao dilúvio, Deus suscita um movimento profético com uma mensagem clara e definida que chama as pessoas à adoração ao verdadeiro Deus e à observância de Sua lei e do sábado, como memorial da criação. O papel do povo de Deus, no tempo do fim, portanto, é pregar essa tríplice mensagem escatológica. Esse povo é descrito como aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (14:12) e como o remanescente que guarda “os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). A pregação dos três anjos, portanto, exalta a Deus, anuncia a hora do juízo e chama as pessoas a obedecer à lei de Deus, a norma do julgamento divino. O apelo do primeiro anjo retoma a observância do sábado e traz à memória o juízo por meio do dilúvio. Essa pregação naturalmente enfurece o dragão.

A igreja sobrevive aos ataques do dragão e da primeira besta (Ap 13:1) por 1260 anos, no “deserto”, ou  a Idade Média. Então, ela retorna à cena. Esse retorno da Igreja (Ap 12:16) deve ser entendido como sendo o início da proclamação das mensagens angélicas, a partir de 1844, quando a verdade começa a ser restaurada na Terra. Em sua fúria contra a igreja, o dragão agrega dois aliados à sua causa. Eles são apresentados pela primeira besta de sete cabeças, que sobe do mar, e pela besta de dois chifres, que emerge da terra (Ap 13).  A primeira besta do Apocalipse é associada ao “chifre” que tinha olhos e boca de homem, do quarto animal de Daniel (7:8). Ela representa o império dos papas. O quarto animal do Apocalipse tem sete cabeças e dez chifres (Ap 13:1). Ambos os símbolos exibem uma “boca” que, no quarto animal de Daniel, falava “com insolência” (Dn 7:8,20) e, na besta, “proferia arrogâncias e blasfêmias” (Ap 13:5). Uma relação bem clara é estabelecida entre esses dois símbolos que: (1) têm dez chifres e (2) uma boca que profere arrogâncias contra Deus, (3) agem por 1260 anos, ou por “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25) ou ainda “por quarenta e dois meses” (Ap 13:5), e (4) perseguem os santos do Altíssimo (Dn 7:21, Ap 13:7). Após sua forte atuação por 1260 anos, desde 538 d.C. até a Revolução Francesa, e 1798, a besta tem uma de suas cabeças ferida de morte. Essa ferida de morte foi o arrebatamento de sua autoridade civil perseguidora. O sequestro do poder político-militar das mãos do papado abriu um vácuo no mundo religioso, no início do tempo do fim (1798), que resultou no ressurgimento da igreja de Deus e na restauração da verdade bíblica acerca dos mandamentos de Deus e da fé em Jesus, mediante o início da proclamação das três mensagens angélicas. E vista dessa perda de espaço, frete à redescoberta da verdade, com a restauração da lei de Deus e da observância do sábado como selo de Deus, Satanás suscita o novo aliado, a besta de dois chifres. Ela deverá curar a ferida de morte da primeira besta e restaurar sua autoridade em perseguir o povo de Deus, o que configura a reação do dragão à exaltação da lei de Deus. A coalisão entre o dragão e as duas bestas marca os últimos movimentos no grande drama do pecado, o clímax do grande conflito, quando Satanás “sabe que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12).


 A Besta de Dois Chifres Para fazer frente ao avanço da verdade divina, Satanás se vale do poder da “besta de dois chifres” (Ap 13:11), também chamada de “falso profeta” (Ap 19:20). A besta de dois chifres emerge da “terra”, ao passo que a primeira emergiu do “mar” (Ap 13:1) assim como os quatro animais de Daniel  (7:2). Uma vez que “mar” representa na profecia apocalíptica “povos” e “nações” (Ap 13:1, 17:1,2,8), os impérios babilônico, persa, grego, romano e papal, portanto, iriam se levantar em processos de conflito contra outras  nações e outros impérios estabelecidos. No entanto, o símbolo “terra”, em contraste com o “mar”, representa uma região “não civilizada” ou “não povoada” da perspectiva dos receptores originais da visão, para os quais o mundo estava circunscrito aos domínios do império romano. Diante da forte proclamação das três mensagens angélicas que restauram sobre a Terra o conhecimento da verdade e da lei de Deus e anuncia o juízo, a causa de Satanás empreenderá um último e gigantesco esforço. O profeta de Patmos viu que “três espíritos imundos” saíam da “boca do dragão, da besta e do falso profeta [besta de dois chifres]” (Ap 16:13) e se dirigiam aos “reis” (13:14), pessoas influentes, de todo o mundo. Esses espíritos representam forças religiosas e espirituais que operam sinais e maravilhas a fim de canalizar o apoio e a influência dos “reis da terra” em favor da besta, na investida final do dragão contra Deus e os observadores de Sua lei. A adesão de todo poder político-militar mundial à causa do dragão, resultado da influência da besta de dois chifres e dos “espíritos imundos”, levará o mundo inteiro a adorar a besta e obedecer-lhe, o que configura a cura de sua ferida. Literalmente, as pessoas também adorarão o próprio “dragão” (Ap 13:4).

Fonte: Fonte: DORNELES, Vanderlei. O último império: a nova ordem mundial e a contrafação do Reino de Deus. 1 ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2012. 

Resumo dos primeiros capítulos, construído por Hendrickson Rogers. Este resumo está em construção. Aguardem seu desfecho!

Estude a primeira parte deste resumo aqui.

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