quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Cronologia da historicidade da doutrina bíblica da Trindade - 1ª parte



Data
Acontecimentos
Século 4 a.C.
Platão, representando o pensamento grego da época em que existia um Deus único acima de todos os outros. Ele escreve “Timeu” – sobre um Deus transcendente que criou o mundo por meio de um agente chamado “demiurgo”. Aristóteles, mais tarde, chamou esse Deus de “Inamovível Movedor”. Depois os estóicos (cf. At 17:18, 22-28) O chamaram de “Um”. A ideia sempre foi proteger Deus de Se contaminar com as coisas materiais – Ele criou alguém, um intermediário, para criar o mundo físico, o universo visível, enquanto Ele mesmo Se mantinha inacessível e longe das criaturas!
Século 1 d.C.
Filo de Alexandria, intelectual judeu e rico, conhecedor do idioma grego, mergulhou nos dois mundos culturais – greco-romano e judeu! Tentou harmonizá-los dando ênfase à transcendência inacessível de Deus. Escreveu um tratado “Sobre a Formação do Mundo” retratando o Logos (agente estóico de Deus) de forma dupla: Logos era tanto o modelo que Deus criou do universo como o agente que Ele usou para tornar o modelo uma realidade.
Séculos 1 e 2
Docetismo – Cristo só parecia humano, mas era puramente divino. Nos Evangelhos, as pessoas veem Jesus como puramente humano já que Ele viveu como humano. Após Sua ascensão surgiu a tentação do docetismo: a separação entre Jesus e o Cristo, Jesus sendo homem e o Cristo sendo Deus.

Visões docéticas da pessoa de Jesus Cristo: marcionismo e gnosticismo.

Marcion foi um proprietário de navios comerciais, no Ponto, próximo ao mar Negro. Vendeu tudo o que possuía, à semelhança dos cristãos primitivos de Atos 2, patrocina a igreja cristã em Roma e passa a exercer dupla influência sobre ela – como patrono e líder vigoroso. Ele rejeitava o AT, pois via o Deus descrito ali como justo, mas incompetente! Em contrapartida, Marcion olhava para Jesus e via um bom e salvífico Deus! Por isso também rejeitou tudo do NT que se referia ao Pai. Sua bíblia era uma parte do Evangelho de Lucas e algumas cartas paulinas! Vem dele o registro do mais antigo cânon (lista de livros escriturísticos sagrados) que se descobriu até hoje! Na época em que ele fez isto, existiam bem mais do que os 66 livros do cânon atual, como opções!

Reagindo à lista de Marcion, outro líder cristão primitivo, Irineu, argumentou em favor dos quatro evangelhos que hoje fazem parte de nossas Bíblias! O que impediu o enfraquecimento do marcionismo, a despeito das ideias não populares e distorcidas do cristianismo primitivo que ele pregava, basicamente pode ter duas causas: o sentimento anti-judaico e o fato de os cristãos não terem explorado, até então, os próprios ensinamentos que professavam! (A Epístola de Barnabé, provavelmente escrita em Alexandria em meados de 130 d.C. e o Diálogo com Trifo, escrito por Justino, o mártir, por volta de 150 d.C., retratam o desejo de distanciar o cristianismo de qualquer judaísmo). Fim do marcionismo – a maioria dos cristãos, mesmo na igreja de Roma, aceitou os quatro evangelhos como inspirados e rejeitou os pontos de vista de Marcion, além de devolverem sua oferta para a igreja como sendo inaceitável! O marcionismo gerou algo de importante na mente dos cristãos da época: precisamos formular um ponto de vista a respeito de Jesus Cristo capaz de cobrir tudo o que os documentos inspirados revelam a Seu respeito!

Gnosticismo – outro grande desafio à compreensão cristã de Jesus Cristo proveio dos muitos diferentes grupos gnósticos de dentro em torno do judaísmo e do cristianismo durante o 2° século. Eles criam num Deus superior que vivia no último céu e aparecia na forma de deuses inferiores vivendo nos céus mais próximos da Terra. O conhecimento era o caminho para ascender de céu em céu após a morte da matéria (corpo físico). Esse conhecimento advinha sob a forma de chaves secretas que continham o poder de derrotar os “archons” que guardavam os níveis dos céus! Em alguns sistemas de gnosticismo as Escrituras eram vistas como um código que continha conhecimento secreto em suas palavras, mas não em seu significado literal.

Livro Contra as Heresias – na primeira parte de seu livro Irineu descreve alguns mitos sobre as emanações de Deus que os gnósticos acreditavam povoar o Céu. Ele também usou as Escrituras para derrotar o gnosticismo, mas de modo diferente em relação ao conflito contra o marcionismo. Marcion rejeitou uma enorme parte dos livros que hoje são bíblicos e Irineu demonstrou a coerência de vários deles. Os gnósticos, por outro lado, tendiam a aceitar como Bíblia um maior número de livros e evangelhos do que os que temos hoje nas Escrituras! Irienu argumentou em favor de apenas quatro evangelhos. Contudo, mesmo com os quatro evangelhos e as cartas paulinas os cristãos gnósticos trataram de enxergar códigos secretos naqueles escritos inspirados capazes de retratar sua própria compreensão do universo de Deus! Daí, Irineu propôs uma única maneira de ler corretamente as Escrituras – aquela sancionada pela verdadeira igreja apostólica. Ele afirmava que os heréticos haviam no início mantido a forma correta de interpretar as Escrituras, mas se desviaram com mau intento em favor de outras interpretações! O próprio Irineu, embora afirmasse estar baseando suas ideias sobre a leitura original correta, estava simplesmente apresentando o que ele entendia como correto. Graças a Deus que a visão dele sobrepujava em muito as distorções escriturísticas a respeito da Divindade por parte de seus contemporâneos! O trabalho de Irineu, portanto, foi não apenas identificar os quatro Evangelhos corretos, a partir dos quais se constituiria a compreensão de Jesus Cristo, mas também definir a correta interpretação das “Escrituras”!

Pensadores judaico-cristãos usam a própria filosofia helenística como meio de contato com os gregos! Exemplo: O Targum Neofiti, um documento judaico da Palestina datado do início da era cristã, uma Bíblia reescrita para tornar a Torá compreensível na linguagem daquele momento. “No princípio, com sabedoria o Menmra do Senhor criou os céus e a terra... E o Memra do Senhor disse: Haja luz”. Esse Memra também fala no lugar de Deus, já que Deus na visão grega não deveria possuir características humanas como boca ou voz!
Século 2
Teófilo, bispo da Antioquia da Síria, escreveu uma trilogia para o pagão Autólio que se sentia atraído pelo monoteísmo judaico-cristão. Teófilo escreve sobre a “trindade” Deus, Logos e Sofia sendo os dois últimos agentes visíveis de Deus, comparando-os às duas mãos dEle! O bispo não menciona Jesus em nenhum momento, apenas os agentes de Deus que permitiam que Ele continuasse Sua existência invisível.

Pesquisa baseada no livro "A Trindade" de Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve. Ela está em construção. Aguardem sua conclusão! 

Segunda parte desta Cronologia aqui! A terceira parte aqui e a quarta, aqui! (Hendrickson Rogers) 


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